sexta-feira, abril 27, 2007

Crysis / Assassin's Creed

O ano de 2007 promete ser marcante em termos de software. Com a entrada do novo DirectX 10 e do windows Vista, a jogabilidade, qualidade gráfica, etc, prometem marcar uma nova era na indústria dos videojogos!!
Esperam-se então para este ano grandes lançamentos dois quais saliento dois:

CRYSIS

Sem grandes dúvidas, este vai ser um dos, senão "o" jogo de 2007. Crysis já é tratado como um dos grandes pioneiros do "futuro digital" onde a realidade e o virtual se cruzam, e isso não é de admirar, pois se Far Cry já havia surpreendido tudo e todos com a excepcional qualidade e detalhe de todo o grafismo do jogo, Crysis deixará qualquer um, amante ou não de Atiradores na Primeira Pessoa (FPS), de boca aberta e queixo no chão.

Estamos então perante um título mais que titânico, onde a inteligência artificial promete não desiludir, assim como toda a história e envolvência do jogo. Para os mais receosos inclusive, a Crytec já anunciou que Crysis servirá tanto para computadores de "ponta" como para os mais antigos e desactualizados.



ASSASSIN'S CREED

Quem não vai gostar deste título? Pelo pouco que se sabe e pelo muito que promete já é um vencedor. Só a história (pelo menos a parte que conhecemos) vai inspirar-se numa das épocas da humanidade mais rica em acontecimentos e de subtilezas. Uma época que marcou a nossa actualidade e o futuro, com a divisão que as Cruzadas criaram entre as culturas ocidentais e as do Médio Oriente.

A ideia de vestirmos a pele de um assassino de uma das seitas menos estudadas até mais recentemente, seduz logo à partida. Jerusalém, os Templários, as grandes Cruzadas e toda a seita secreta dos Hashashin, são mais que suficientes para tornar Assassin's Creed num jogo memorável. Mas este título promete também noutros campos, o facto de podermos interagir com praticamente tudo o que nos envolve, desde a intensidade variada com que empurramos os transeuntes, às peripécias impossíveis que somos capazes de fazer, coloca em cima da mesa novos elementos.





Saudações de um comparsa

terça-feira, abril 24, 2007

33 anos de Liberdade

Caros Comparsas

Há 33 anos atrás Portugal era um país oprimido pelo tiranismo do Estado Novo. A Constituição não garantia o direito dos cidadãos à saúde, à educação, ao trabalho e à habitação. Todas as formas de cultura ( Música, Escrita, Teatro, Cinema e Artes Plásticas) eram previamente censuradas. O governo mantinha uma inútil guerra colonial que nos isolava da restante comunidade internacional. A actividade política estava condicionada, não havendo direito a eleições livres. Aqueles que se opunham ao autoritarismo governamental da época eram imediatamente perseguidos pela polícia política, obrigando-os a agirem na clandestinidade ou ao exílio.
O historiador António Reis, que viveu a opressão salazarista e marcelista, escreveu o seguinte:
"Portugal era um país anacrónico. Último império colonial do mundo ocidental, travava uma guerra em três frentes africanas solidamente apoiadas pelo Terceiro Mundo e fazia face a sucessivas condenações nas Nações Unidas e à incomodidade dos seus tradicionais aliados.
Para os jovens de hoje será talvez difícil imaginar o que era viver neste Portugal de há vinte anos, onde era rara a família que não tinha alguém a combater em África, o serviço militar durava quatro anos, a expressão pública de opiniões contra o regime e contra a guerra era severamente reprimida pelos aparelhos censório e policial, os partidos e movimentos políticos se encontravam proibidos, as prisões políticas cheias, os líderes oposicionistas exilados, os sindicatos fortemente controlados, a greve interdita, o despedimento facilitado, a vida cultural apertadamente vigiada.
A anestesia a que o povo português esteve sujeito décadas a fio, mau grado os esforços denodados das elites oposicionistas, a par das injustiças sociais agravadas e do persistente atraso económico e cultural, num contexto que contribuía para a identificação entre o regime ditatorial e o próprio modelo de desenvolvimento capitalista, são em grande parte responsáveis pela euforia revolucionária que se viveu a seguir ao 25 de Abril, durante a qual Portugal tentou viver as décadas da história europeia de que se vira privado pelo regime ditatorial. "

António Reis - Portugal, 20 anos de Democracia

Às 22 horas e 55 minutos do dia 24 de Abril de 1974, é anunciada aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, e colocada no ar a partir dos estúdios do Rádio Clube Português, a canção de Paulo de Carvalho "E Depois do Adeus". Inicia-se assim a Revolução, pois a canção serviu de senha para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas. A segunda senha foi dada pela canção "Grândola, Vila Morena" de José Afonso, e foi posta no ar à meia noite e vinte de 25 de Abril de 1974 pela Rádio Renascença.
O que se seguiu espelha o inconformismo dos portugueses e a vontade incontestável de seguir outro rumo, numa revolução sem mortes, sem sangue... Os militares de Abril derrubavam os excrementos que durante 48 anos oprimiram o Povo Português e a multidão sai à rua e saúda efusivamente os soldados revoltosos. Perdurará para sempre na história a imagem do cano da espingarda com um cravo vermelho, símbolo da Revolução, símbolo da Descolonização, símbolo da Democracia...

Saudações de um Comparsa





Artigo também publicado no blog Bar a Fábrica

sábado, abril 21, 2007

Som Nacional - Parte V

Mundo Cão
Os Mundo Cão são uma das novas revelações do rock nacional do ano de 2007. Quando Pedro Laginha, actor, se encontra com músicos de primeira, vindos de bandas como os Mão Morta, os Braindead ou os Big Fat Mamma, o resultado é uma experiência promissora chamada Mundo Cão, cujo single Morfina é uma pérola rock que entusiasma como poucas outras. Mas a grande revelação para mim é mesmo Pedro Laginha, que se revela um carismático vocalista. Laginha colaborara já com os Mão Morta, do baterista Miguel Pedro, no clip de Cão da Morte e posteriormente em alguns temas do último álbum. Adolfo Luxúria Canibal, que baptizou o projecto de Mundo Cão, assina todas as letras do álbum de estreia, uma escolha que Miguel Pedro justifica pela «alma de escritor» do líder dos Mão Morta. Sem veleidades a ser fenómeno de popularidade. os Mundo Cão pretendem acima de tudo a consolidação do seu projecto alicerçado na qualidade dos temas. A imagem e o reconhecimento dos músicos junto dos mais atentos observadores do mundo da música portuguesa é já um capital inalienável.

The Vicious Five
Tudo começou com muita vontade de agitar as hostes. Depois surgiram alguns temas e um ou outro concerto ao vivo. Com o seu curto e grosso álbum de estreia Up On The Walls, os Vicious Five deram a conhecer ao grande público o seu punk rock . São 34 minutos a rasgar até o suor escorre pelas colunas. É o resultado natural do trabalho da banda, mas ao mesmo tempo uma agradável surpresa para todos aqueles que só agora conhecem o som do grupo lisboeta.
Apostando nas guitarras e postura punk, o grupo baseia a sua música essencialmente nas suas letras, nas ansiedades de uma juventude, no amor sem tabus, nos costumes conservadores da sociedade, na política e a necessária revolução que poderia alterar o estado das coisas.

São bastante famosos pelos seus espectáculos ao vivo recheados de força e vitalidade, que se transformam num festim para dançar como não houvesse amanhã. Com os Vicious Five não há espaço para punk falso e roto por melodias cor-de-rosa. Tudo é verdadeiro. Tudo é visceral.

Balla
Considerado uma das maiores forças criativas da música portuguesa, um talentoso músico, intérprete e DJ, Armando Teixeira é um daqueles artistas que não precisaria dos Balla para provar que é um dos artistas mais dinâmicos e versáteis da cena musical nacional.
Depois dos Da Weasel, Bizarra Locomotiva, Boris Ex-Machina e Bullet, os Balla surgem como a banda onde Armando Teixeira mais dá a cara, o corpo e a voz ao manifesto. Em A Grande Mentira, canta pela primeira vez os 10 temas do disco e não lhe fica nada mal esse papel de front-man. Ele compôs, gravou, misturou e produziu um trabalho individual irrepreensível que se reflecte num disco de canções sem complexos. Descubram este belo projecto da pop electrónica nacional.


sexta-feira, abril 20, 2007

Poema sobre Salazar

Caros Comparsas,

Visto que agora está tão em voga falar de Salazar, achei pertinente trazê-lo também ao nosso blog... Poupo assim as minhas palavras e dou a voz ao nosso grande poeta Fernando Pessoa:

António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular...
António é António
Oliveira é uma árvore
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal
E sob o céu
Fica só azar, é natural.

Oh, c'os diabos!
Parece que já choveu...

Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...

Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.

Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.

Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho
Nem até
Café.


Saudações da Comparsa Ariadne*

sexta-feira, abril 13, 2007

Marillion

Caros Comparsas

Formados em 1979, os Marillion constituem um ícone na história do rock progressivo dos últimos 25 anos. Inspirados por lendas como os Genesis, os Yes, os Van der Graf Generation e os Pink Floyd, a banda começou por chamar-se Silmarillion. Mas problemas com a família do escritor J.R.R. Tolkien (uma das suas obras tem como título Silmarillion) fez com que o nome do grupo encurtasse para apenas Marillion. A constituição da banda foi altamente rotativa nos primeiros anos apenas se tendo mantido o guitarrista Steve Rothery. Em 1983 lançam o seu primeiro álbum Script for a Jester's Tear, iniciando-se assim a primeira era da banda, liderada pelo vocalista Fish, com o qual compuseram sucessos como Garden Party, Incommunicado, Kayleigh e Lavender. Depois de mais três álbuns originais, Fish decide seguir uma carreira a solo, e o quinto álbum da banda A Season's End (onde está incluído o sucesso Easter) contou já com a voz do actual vocalista Steve Hogarth marcando o início da segunda era da banda. Com os restantes elementos Steve Rothery na guitarra, Pete Trewavas no baixo, Mark Kelly nos teclados e Ian Mosley na bateria, os Marillion revigoraram o seu som, criaram a sua própria editora, o seu próprio estúdio e lançaram mais nove álbuns de originais, sendo hoje a banda britânica com mais discos gravados. Das suas obras irei destacar o majestoso Brave ( o meu preferido), o excelente Marbles e o fabuloso último álbum Somewhere Else lançado este mês, que será apresentado a 16 de Abril no Europarque em Santa Maria da Feira, e a 17 de Abril na Aula Magna em Lisboa. Este Somewhere Else que já tive o privilégio de ouvir, é considerado por muitos o melhor álbum dos Marillion, provando que com 25 anos de carreira e depois de 14 álbuns, a banda continua a superar-se a si própria. Faltar-lhes-á talvez o reconhecimento e a aclamação do grande público....

Poderão assistir aos vídeos dos temas que referi como sucessos carregando no nome dos mesmos. Na página deixo-vos com a interpretação ao vivo dos brilhantes The Great Escape e Living With the Big Lie pertencentes ao álbum Brave.

Saudações de um Comparsa