sábado, dezembro 13, 2008

In Bruges

Comédia, drama, humor negro, diálogos bem construídos e inteligentes, prostitutas, canadianos, drogas, suicídios, violência explícita, padres, miúdos, anões. E a bela cidade de Bruges… Estes são os condimentos de uma das boas surpresas que tive nos últimos tempos!
Bruges, uma bem preservada cidade medieval na Bélgica, é um destino acolhedor para os turistas de todo o mundo. Mas para os atiradores profissionais Ray e Ken, bem poderia ser o seu último destino: um trabalho difícil resultou no envio do par, seguindo ordens de Harry, o chefe londrino, mesmo antes do Natal, para a cidade flamenga durante duas semanas, para arrefecer os ânimos. Mas quanto mais tempo aguardam a chamada de Harry, mais surrealista se torna a experiência, envolvendo-se em estranhos encontros com a população local, turistas, arte medieval e um potencial romance para Ray sob a forma de Chloë, que também ela parece ter alguns segredos ocultos. E quando chega finalmente a chamada de Harry, as férias de Ken e Ray transformam-se numa luta de vida e morte de proporções cómicas e consequências surpreendentemente emocionais.
O argumento de McDonagh oferece-nos bons diálogos para duas fortes interpretações. Brendan Gleeson não conseguiria despertar mais empatia nesta figura lúcida e paternal e Colin Farrell, num ambiente onde se sente manifestamente confortável, é aquilo que Hollywood não o deixa ser: depressivo, nervoso e derrotista. A isto juntamos um leque extenso, mas brilhante, de personagens secundárias invulgares, que vão deste o anão racista à bela traficante de droga, passando pela prostituta de Amesterdão, tudo em “In Bruges” é absurdamente pensado ao pormenor.
“In Bruges” não se transformará num clássico, mas se o virem, decerto não darão por perdido o vosso tempo. Fica a sugestão para uma destas frias noites de Inverno...