terça-feira, novembro 27, 2007

Instrumentos Musicais: A Harpa

"Ser Músico é trabalhar o instrumento todos os dias, é pôr-se permanentemente em questão, é duvidar. É a instabilidade feita estabilidade. Um dia encontra-se, mas no dia seguinte é preciso voltar a procurar. Há conquistas mas nada é definitivo. A música é um fantástico instrumento de trabalho sobre nós próprios. Muito exigente, mas que dá prazer!"

Sophia Domancich


Caros Comparsas

Dando continuidade a este entusiasmante novo tipo de voo, acho pertinente clarificar-vos sobre o significado de alguns termos que serão frequentemente usados:
  • Caixa de Ressonância - Câmara cheia de ar, com formatos variados que serve principalmente para reforçar a intensidade sonora;
  • Altura Definida ou Determinada - Significa que as sons desses instrumentos poderão ser sempre afinados de acordo com as escalas musicais predefinidas e representar as notas comuns;
  • Altura Indefinida ou Indeterminada- Significa que os sons desse instrumento não podem ser afinados, nem representar as notas comuns (Dó, Ré etc...), limitando-se, numa partitura, à representação de figuras rítmicas;
Já agora, recordo o sistema de classificação dos instrumentos criado por Hornbostel e Sachs :
  • Idiofones - Instrumentos cujo som é produzido pelo próprio corpo do instrumento. É o próprio corpo do instrumento que vibra para produzir o som, sem a necessidade de nenhuma tensão( Engloba alguns instrumentos de percussão de altura indefinida e todos os de percussão de altura definida.)
  • Membrafones - Instrumentos cujo som é produzido por uma membrana esticada, ou seja, produzem som através da vibração dessa mesma membrana( Engloba só instrumentos de percussão de altura indefinida).
  • Aerofones - Instrumentos cujo som é produzido pela vibração de uma massa de ar originada no (ou pelo) instrumento ( Engloba todos os instrumentos de sopro, a voz humana e os órgãos de tubos).
  • Cordofones - Instrumento cujo som é produzido pela vibração de uma corda tensionada( Engloba todos os instrumentos de cordas friccionadas, dedilhadas e percutidas).
  • Electrofones - Instrumento cujo som é produzido a partir da variação de intensidade de um campo electromagnético, ou seja, o som é produzido por meios mecânicos e depois amplificado e/ou modificado electronicamente ( Engloba todos os instrumentos electrónicos e electromecânicos.
II - HARPA
Harpa é um nome genérico que se dá a todos os cordofones que possuem as cordas num plano perpendicular ao do tampo da caixa da ressonância.
Tratando-se de um dos instrumentos mais antigos do mundo, existem duas categorias: as harpas de caixilho e as harpas abertas, cuja grande diferença é a existência de um pilar ou coluna nas harpas de caixilho que liga a área da caixa de ressonância à consola; as harpas abertas não possuem a coluna, portanto costumam ser arqueadas (lira, harpa africana), como poderão comprovar na imagem em baixo que relaciona a evolução da harpa com a evolução do homem.
A harpa é interpretada através da técnica do dedilho, o que significa que o som é produzido pela vibração das cordas quando accionadas pelos dedos do harpista. Apesar dos vários tipos e feitios a mais vulgar e moderna é a harpa de caixilho ( imagem ao lado) que é constituída por cinco grandes partes: coluna ( pelare), caixa de ressonância( resonansbotten), o conjunto de cordas (strängar), a consola (stämnaglar) e o pé com pedais ( fotpedaler ). O conjunto de cordas(47 no total) encontra-se ligado à consola e é recebido na sua parte inferior pela caixa de ressonância que se encarrega de amplificar o som produzido pela vibração das mesmas.


Nos videos que se seguem, poderão assistir à interpretação de variados estilos musicais em harpas de caixilho desde samba a jazz, de música tradicional a música clássica.


Saudações de um Comparsa


terça-feira, novembro 20, 2007

Control

Estreou em Portugal na passada quinta-feira, dia 15, a tão esperada película "Control", acerca da vida de Ian Curtis, vocalista e líder da mítica banda de Manchester dos anos 80, Joy Division.

Anton Corbijn transportou para a tela, a história biogáfica de Ian Curtis, baseada na biografia, "Touching From A Distance", escrito pela viúva do líder da banda, Deborah Curtis, passados 15 anos após o seu trágico suicídio.


Para poder transmitir a carga emocional e a atmosfera misteriosa, encantadora e poética que envolve esta mítica personagem do rock (se assim lhe quiserem chamar), há que transportar o leitor umas décadas atrás, à cidade de Manchester, em Inglaterra.

Em 1977 , Manchester era uma cidade cinzenta, essencialmente industrial e de paisagem claustrofóbica, onde já fervilhava a vanguarda que iria herdar o punk e trazê-lo de volta ao mundo no formato new-wave.

No mesmo ano actua no Electric Circus, a banda que viria a ser a futura Joy Division, mas que na altura subia ao palco sob o nome de Warsaw (nome esse, retirado da música “Warszawa” do LP “Low” de David Bowie). Os elementos da banda apresentavam-se de cabelo curto, camisa abotoada e dentro de umas calças pretas à anos 40 – uma imagem consideravelmente invulgar, contrastando com as jeans rasgadas e o spiky-hair de uns Sex Pistols- (relembro o leitor que no ano de ’77 eclodia o punk-rock na capital inglesa.)

Em 1978, a banda toca no Factory Club, (onde nasceram os controversos Happy Mondays), do famoso e recentemente falecido jornalista Tony Wilson, que foi o responsável pela divulgação do punk/ new wave inglês, e apresentador do lendário programa “So It Goes”, onde se estrearam diversas bandas da época como os Buzzcocks. (Para os leitores interessados na história do Factory Club e das bandas que por lá passaram aconselho o fantástico filme, “24 Hours Party People”.)

Depois desta actuação que mostrava mais uma banda vulgar, os Joy Division trabalharam imenso o seu som e performance: Peter Hook e Bernard Sumner tornaram os gemidos das suas guitarras numa melodia que havia de se tornar a base e o ex-líbris da sua música, acompanhados pelas batidas distantes e secas de Stephen Morriss e pelo romantismo original e intimista da voz de Curtis. O mito tinha acabado de nascer e ninguém imaginaria o que estava para acontecer.

Após travarem conhecimento com o genial produtor Martin Hannett, lançam o primeiro LP “Unknown Pleasures”, recebido de forma brilhante pela imprensa e que fez catapultar a banda do anonimato para a estante das bandas de culto de Inglaterra.

Tornavam-se um culto e uma moda para os meios estudantis. Em 1979 saêm os singles que ainda hoje ecoam em qualquer bar de “rock”: “Transmission” e “Atmosphere”, (cujo videoclip também fora realizado por Anton Corbijn).

Miguel Esteves Cardoso, (que na altura se encontrava a estudar em Manchester e que colaborava e escrevia para a revista “Música e Som”) diz-nos: “Ao vivo, os Joy Division tinham sobretudo a força da sua convicção incrível – aquela soturnidade introspectiva, a loucura demasiado franca de Ian Curtis, e, acima de tudo, a sensação de solidão da banda (em relação ao público e, depois, a tudo) eram demasiado fortes para serem assimiladas como um mero e divertido espectáculo Rock.” (in Escrítica Pop, de M.E. Cardoso).

Em vésperas de uma tourné pela América, Curtis é encontrado pela sua mulher ajoelhado no chão da cozinha de sua casa em Macclesfield com uma corda ao pescoço. Era 18 de Maio de 1980 e cumpria-se assim o mito romântico do artista/herói perturbado: mais uma morte prematura na cultura rock.

O resto explica-se facilmente. Nascem os New Order como a banda órfã de Curtis, vingando a sua música na cena electrónica que desabrochava nos anos 80, com a entrada em força dos sintetizadores na criação de sons e batidas.


Regressando ao filme “Control”, este ilustra a preto e branco o percurso de Ian Curtis desde a sua juventude em que sonhava ser um Bowie ou até mesmo um Morrisson até ao dia 18 de Maio de 1980. Não se desanimem os leitores pelo facto de eu poder ter estragado qualquer efeito surpresa do filme! Pois esta película não se trata de contar uma história, pois essa já toda a gente a sabe!, mas sim, ilustrar e documentar para a prosperidade o “mito Ian Curtis” e relatar/ desvendar o que atormentou o vocalista que dividia o seu amor por duas mulheres.(!)

Do ponto de vista pessol, e como é óbvio, adorei o filme. Apesar de já saber o que esperar da história entrei na sala ansiosa e saí de lá abatida. Inevitável. Corbijn fez um excelente trabalho e adorei o facto de ter optado por uma tela a preto e branco, remetendo-nos naturalmente para uma história do “passado”, escondida e cheia de “pó”. É um filme arrepiante e tenso , em que por vezes o humor por parte das personagens da banda, nos descontrai momentaneamente.

Para os fãs da banda é um filme imperdível, obrigatório e essencial. Para os desconhecedores da banda é um filme que vale a pena e que mesmo assim é capaz de vos prender, tocar e fazer apaixonar.

O rock perdeu muito cedo um dos seus mais belos príncipes. É um reinado que irá continuar (será que ainda continua?), mas nunca mais será (/foi) o mesmo.


Instrumentos Musicais: A Marimba


"Ser Músico é trabalhar o instrumento todos os dias, é pôr-se permanentemente em questão, é duvidar. É a instabilidade feita estabilidade. Um dia encontra-se, mas no dia seguinte é preciso voltar a procurar. Há conquistas mas nada é definitivo. A música é um fantástico instrumento de trabalho sobre nós próprios. Muito exigente, mas que dá prazer!"

Sophia Domancich


Caros Comparsas

Como forma de oferendar este maravilhoso espaço que completou uma ano de existência há uma semana, decidi criar um novo tipo de voo, a Organologia, que irá abranger o estudo dos Instrumentos musicais. Espero com isto poder contribuir para o desenvolvimento da vossa literacia musical, proporcionando-vos agradáveis novidades e surpresas.
Para começar, é essencial apresentar-vos a classificação dos instrumentos (sistema criado por Erich von Hornbostel e Curt Sachs) constituída por cinco categorias principais:
  • Idiofones - Instrumentos cujo som é produzido pelo próprio corpo do instrumento. É o próprio corpo do instrumento que vibra para produzir o som, sem a necessidade de nenhuma tensão( Engloba alguns instrumentos de percussão de altura indefinida e todos os de percussão de altura definida.)
  • Membrafones - Instrumentos cujo som é produzido por uma membrana esticada, ou seja, produzem som através da vibração dessa mesma membrana( Engloba só instrumentos de percussão de altura indefinida).
  • Aerofones - Instrumentos cujo som é produzido pela vibração de uma massa de ar originada no (ou pelo) instrumento ( Engloba todos os instrumentos de sopro, a voz humana e os órgãos de tubos).
  • Cordofones - Instrumento cujo som é produzido pela vibração de uma corda tensionada( Engloba todos os instrumentos de cordas friccionadas, dedilhadas e percutidas).
  • Electrofones - Instrumento cujo som é produzido a partir da variação de intensidade de um campo electromagnético, ou seja, o som é produzido por meios mecânicos e depois amplificado e/ou modificado electronicamente ( Engloba todos os instrumentos electrónicos e electromecânicos.
I - MARIMBA
A Marimba é um Idiofone de altura definida (significa que as notas do instrumento podem ser afinadas de acordo com as escalas definidas) e é também considerado um instrumento de percussão. Muito semelhante a um Xilofone, a Marimba tem, no entanto, um som mais grave, umas lâminas mais compridas e largas, mas mais finas e tem uma caixa de ressonância constituída por tubos ( característica que mais a diferencia do Xilofone). A técnica de execução consiste no uso de duas a seis baquetas de lã ou feltro que ao percutirem as lâminas, provocam a sua vibração que ressoa através dos tubos ( as marimbas africanas tradicionais têm cabaças como caixa de ressonância) , proporcionando-nos um timbre maravilhoso.
Nos vídeos disponibilizados em baixo poderão assistir ao desempenho dos Marimba Ponies, um grupo de crianças japonesas que privilegia as marimbas como as construtoras principais da harmonia e melodia da música que interpretam ( a canção natalícia Sleigh Ride de Leroy Anderson e o clássico " A Primavera - 1º andamento" das Quatro Estações de Antonio Vivaldi). No terceiro vídeo deslumbrem-se com a música dos moscovitas Apocalypse Marimba Plus, que unem a Marimba a instrumentos de sopro ( trombone, trompa,tuba, trompete), a um violoncelo, a uma bateria e a um baixo, produzindo assim uma harmonia tenebrosa que chega a ser hilariante. Por último no quarto vídeo, apesar de não fazer ideia nenhuma sobre a identificação dos intérpretes( orientais são com certeza), o objectivo principal será mostrar-vos a execução da peça Xylophonia, escrita por Joe Green, na qual poderão diferenciar o timbre das Marimbas e de um Xilofone, que no caso é o instrumento solista.

Saudações de um Comparsa



terça-feira, novembro 13, 2007

Um ano a voar!

Há exactamente um ano, o Falcão e Comparsas fazia o seu baptismo de voo. Depois de 365 dias, 60 posts e mais de 10.000 visitas, acho que posso afirmar que o saldo é positivo. Pretendia a divulgação dos nossos gostos, a partilha daquilo que achávamos que os outros também mereciam conhecer e isso foi conseguido. Após um (natural) entusiasmo inicial, o Falcão passou por um período de voo rasante (especialmente durante os meses de Verão), mas agora está de novo na ribalta e pronto para voos cada vez mais altos. Estamos de volta com nova imagem e com várias novidades na barra lateral (espreitem...), sempre no sentido de melhorar a qualidade deste espaço, e agora também com o intuito de dar a conhecer um pouco da nossa terra.
Resta-me agradecer a todos os Comparsas que me têm acompanhado nesta aventura, mas também aos nossos visitantes, especialmente aos que se dão ao trabalho de comentar e que valorizam a nossa dedicação. Um bem haja!

Por fim, podem ver aqui e agora todos os voos do Falcão e procurar algum que vos tenha escapado...

Saudações de Um Comparsa