Este filme, estreado entre nós durante o mês de Janeiro, é um bom exemplo da bela colheita cinematográfica deste ano.
Primeiramente apresentado no Festival de Veneza, o novo filme de Joe Wright (que nos trouxe em 2005 uma nova versão de “Orgulho e Preconceito”) é um dos grandes filmes deste novo ano, e ganhou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme em Drama. Não há razões para menos, pois estamos perante um título de enorme poder visual e força narrativa, bem servido de excelentes interpretações.
Baseado no aclamado romance de Ian McEwan, Joe Wright agarra todo o potencial desta obra literária, e transforma-a num filme possuidor de uma qualidade temática invejável, muito bem complementada pela sua segura realização, vestida de momentos artísticos de grande relevância.
“Atonement” é um drama familiar e romântico que a dada altura se cruza com o filme de guerra e que mantém uma certa aura que apetece classificar como “clássica” mas que não o é de todo. Em termos narrativos, “Atonement” é muito menos linear do que seria previsível neste tipo de filmes. O tempo é bastante fragmentado, com vários flashbacks que repetem a mesma acção de perspectivas diferentes. Mas comecemos pelo princípio. "Atonement" tem dois momentos bem distintos. Na primeira parte estamos perante um filme de época à "Orgulho e Preconceito". Aqui deparamos-nos com as inquietações sociais de uma família da alta sociedade britânica. É tudo muito bem filmado e os cenários e a fotografia são exemplares. Depois entramos em algo que toca no campo da tragédia épica em tempos de guerra. Uma espécie de "Paciente Inglês", magistralmente filmado e interpretado e com um desfecho poderoso que vem dar todo um novo sentido à primeira parte.
Toda a narrativa é construída sobre personagens de enorme peso humano, e Keira Knightley volta a demonstrar o porquê de ser uma das mais importantes actrizes da actualidade, acompanhada do sólido James McAvoy (que alguns conhecerão da excelente série britânica “Shameless” da SIC Radical ou de “O Último Rei da Escócia”), um condenado inocente que carrega em si um pecado que não lhe pertence.
Dotado de uma experiente e inteligente realização, uma montagem carregada de suspense, um argumento excepcionalmente bem escrito e de prestações bem conseguidas, “Atonement” é desde já um dos grandes acontecimentos de 2008, onde há ainda lugar de destaque para a fabulosa banda sonora de Dario Marianelli, e para a fotografia de Seamus McGarvey, que capta tão sobriamente a ténue linha entre a esperança e o medo que as imagens nos revelam. Um pequeno conselho: estejam atentos a uma verdadeira lição de "como realizar um épico", no momento em que McAvoy chega à praia francesa de Dunquerque.
Numa semana como esta, tenho que referir as sete nomeações para Óscar que esta película arrecadou, incluindo Melhor Filme. É um filme que aconselho vivamente, que pode não ficar nos vossos preferidos (não ficou nos meus...), mas que toda a gente deve ver, pois isto é bom cinema!
Baseado no aclamado romance de Ian McEwan, Joe Wright agarra todo o potencial desta obra literária, e transforma-a num filme possuidor de uma qualidade temática invejável, muito bem complementada pela sua segura realização, vestida de momentos artísticos de grande relevância.
“Atonement” é um drama familiar e romântico que a dada altura se cruza com o filme de guerra e que mantém uma certa aura que apetece classificar como “clássica” mas que não o é de todo. Em termos narrativos, “Atonement” é muito menos linear do que seria previsível neste tipo de filmes. O tempo é bastante fragmentado, com vários flashbacks que repetem a mesma acção de perspectivas diferentes. Mas comecemos pelo princípio. "Atonement" tem dois momentos bem distintos. Na primeira parte estamos perante um filme de época à "Orgulho e Preconceito". Aqui deparamos-nos com as inquietações sociais de uma família da alta sociedade britânica. É tudo muito bem filmado e os cenários e a fotografia são exemplares. Depois entramos em algo que toca no campo da tragédia épica em tempos de guerra. Uma espécie de "Paciente Inglês", magistralmente filmado e interpretado e com um desfecho poderoso que vem dar todo um novo sentido à primeira parte.
Toda a narrativa é construída sobre personagens de enorme peso humano, e Keira Knightley volta a demonstrar o porquê de ser uma das mais importantes actrizes da actualidade, acompanhada do sólido James McAvoy (que alguns conhecerão da excelente série britânica “Shameless” da SIC Radical ou de “O Último Rei da Escócia”), um condenado inocente que carrega em si um pecado que não lhe pertence.
Dotado de uma experiente e inteligente realização, uma montagem carregada de suspense, um argumento excepcionalmente bem escrito e de prestações bem conseguidas, “Atonement” é desde já um dos grandes acontecimentos de 2008, onde há ainda lugar de destaque para a fabulosa banda sonora de Dario Marianelli, e para a fotografia de Seamus McGarvey, que capta tão sobriamente a ténue linha entre a esperança e o medo que as imagens nos revelam. Um pequeno conselho: estejam atentos a uma verdadeira lição de "como realizar um épico", no momento em que McAvoy chega à praia francesa de Dunquerque.
Numa semana como esta, tenho que referir as sete nomeações para Óscar que esta película arrecadou, incluindo Melhor Filme. É um filme que aconselho vivamente, que pode não ficar nos vossos preferidos (não ficou nos meus...), mas que toda a gente deve ver, pois isto é bom cinema!
2 comentários:
Então este ganhou o óscar de melhor banda sonora. É já uma boa razão para ver ou ouvir.
Saudações de um Comparsa
A banda sonora está de facto fantástica. Aquele momento na praia francesa em que a orquestração se envolve e harmoniza os cânticos dos soldados ingleses está genial. No entanto o filme peca pela perda de poder narrativo no segundo momento do filme, embora todo o esclarecimento final daquela que acaba por ser a protagonista e dinamizadora da história esteja original. Resumindo, encontramos em Atonement o mais belo pedido de desculpas da história do cinema. Para quem não viu, estejam atentos ao papel que a máquina de escrever assume no desenvolvimento da música.
saudações de um Comparsa
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