sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Babel

No passado fim de semana, tive finalmente a oportunidade de ver Babel, o muito aguardado terceiro filme da dupla mexicana Alejandro González Iñárritu e Guillermo Arriaga, realizador e argumentista respectivamente, responsável pelos excelentes Amor Cão (2000) e 21 Gramas(2003). Comum a todos os filmes é a estrutura em “filme-mosaico”, com várias histórias que se entrecruzam devido a um dado acontecimento. Em Babel, a acção desenrola-se numa escala maior, de Marrocos aos EUA, do México ao Japão onde descobrimos uma teia de histórias interligadas. Tudo começa quando um casal americano com problemas conjugais, Richard e Susan, vê as suas férias em Marrocos serem abaladas quando Susan é alvejada no autocarro onde viajam. Yussef e Ahmed, filhos de um pobre pastor marroquino, brincam com a espingarda que o pai acabou de comprar para matar chacais. Ao mesmo tempo, no outro lado do mundo, Amelia, a ama dos filhos do casal americano, não consegue arranjar ninguém que tome conta deles, e decide levá-los consigo e com o seu sobrinho Santiago ao casamento do seu filho no México. Tudo corre bem até que, no regresso, são inspeccionados pela zelosa polícia fronteiriça. No Japão, Chieko é uma adolescente surda em pleno despertar sexual que direcciona a sua raiva contra o pai, de quem se sente afastada desde a morte da sua mãe.
Tendo ao seu dispor estrelas do calibre de Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael García Bernal, Iñárritu oferce-nos um filme cheio de boas interpretações, habilmente doseadas em termos de celebridade e equilibradas em termos de tempo de ecrã. Continuam também presentes as marcas do autor: estética crua, câmara trémula, acção fragmentada e cronologicamente baralhada tendo como fio condutor as variações sobre o poder do amor. No entanto, saí um pouco desiludido da sala de cinema, talvez porque ter entrado com expectativas demasiado altas. Amores Perros e 21 Gramas são dois filmes que me deixaram embasbacado e comovido e Babel não me pareceu tão eficaz nesse aspecto. Além disso, as ligações entre as histórias não têm a fluidez anterior. Apesar de tudo, o filme é muito bom. Eu é que esperava ainda melhor...
No video podem ver o trailer e uma entrevista com o realizador acerca do filme. Se já foram ver, deixem a vossa opinião, caso contrário vão vê-lo porque vale a pena.
Saudações de um Comparsa...

3 comentários:

Ariadne disse...

Ninguém consegue fugir à dor, aos desespero, ao sofrimento... Contra isso não existem quaisquer barreiras... Será isso que nos une enquanto seres humanos?

Saudações de uma Comparsa*

Davidoff disse...

Ainda não vi o filme apesar de já o ter quase à 1 mes, mas qd vir passo aqui outra vez pa comentar!

Manuel disse...

Realmente concordo com a opinião do Augusto. Babel não está à altura de Amor perro ou 21 gramas. No entanto é um bom filme, por vários motivos, mas há algo que não me agradou mesmo nada e que não esperava da parte de Iñárritu, passo a explicar, o filme transparece uma mentalidade onde os bárbaros (mexicanos e marroquinos) erram ou por estupidez (caso dos miúdos marroquinos) ou por ignorância (caso dos mexicanos). Os civilizados americanos são as vitimas desse mundo bárbaro vítimas muito à imagem do 11 de Setembro... Com a excepção dos polícias que são umas bestas, mas ainda assim apenas cumpre o seu papel de zelar pela protecção da sociedade.

Contudo gostei do Pitt em versão madura, não se pedia muito mas a angústia e desespero estão lá. Quanto aos outros não fazem mais porque os papéis não deixam. A Kate Blanchett passa o filme em estado terminal e assim não se pode exigir muito. Gael García Bernal faz a sua parte bem feita, mas como Blanchett não tem espaço para muito além do mexicano bêbado e esparvoado.

A trama mais bem conseguida é sem sombra de dúvida aquela que menos tem a ver com o resto do filme, a trama "japonesa", onde sentimos sentimentos muito poderosos e que nos levam ao que há de mais profundo no ser humano. Gostei e muito da actriz japonesa Rinko Kikuchi, uma extraordinária interpretação.

Abraço.
Até à próxima.