sexta-feira, abril 20, 2007

Poema sobre Salazar

Caros Comparsas,

Visto que agora está tão em voga falar de Salazar, achei pertinente trazê-lo também ao nosso blog... Poupo assim as minhas palavras e dou a voz ao nosso grande poeta Fernando Pessoa:

António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular...
António é António
Oliveira é uma árvore
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal
E sob o céu
Fica só azar, é natural.

Oh, c'os diabos!
Parece que já choveu...

Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...

Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.

Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.

Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho
Nem até
Café.


Saudações da Comparsa Ariadne*

3 comentários:

Augusto disse...

Isto deve ter sido pouco censurado...

psycho killer disse...

hehe..q risota!
não conhecia este poema do nosso tão grande Pessoa!

..censurado,não deve ter sido..provavelmente nunca chegou a ser publicado na altura..assim como muitos outros poemas e obras que se encontraram mais tarde "perdidos" na casa do Pessoa..

Anónimo disse...

Grande Fernando Pessoa! Que inteligência, e ao mesmo tempo que simples. Como joga com as palavras. Que génio, todos concordamos! Mas agora e esta de ser um grande português? Esta é que é! Como é possível tanto saudosismo. Ainda hoje ao almoço assisti a grandes elogios ao "tiraninho". Palavra que não percebo... Fico triste....Já viste...Que o país assiste...Mas tu!...sim tu!...vós!...NÓS!...RESISTE!!!!


P.S.: Palavra que me saiu, assim sem mais nem menos.

Sempre vosso, el Che