terça-feira, abril 24, 2007

33 anos de Liberdade

Caros Comparsas

Há 33 anos atrás Portugal era um país oprimido pelo tiranismo do Estado Novo. A Constituição não garantia o direito dos cidadãos à saúde, à educação, ao trabalho e à habitação. Todas as formas de cultura ( Música, Escrita, Teatro, Cinema e Artes Plásticas) eram previamente censuradas. O governo mantinha uma inútil guerra colonial que nos isolava da restante comunidade internacional. A actividade política estava condicionada, não havendo direito a eleições livres. Aqueles que se opunham ao autoritarismo governamental da época eram imediatamente perseguidos pela polícia política, obrigando-os a agirem na clandestinidade ou ao exílio.
O historiador António Reis, que viveu a opressão salazarista e marcelista, escreveu o seguinte:
"Portugal era um país anacrónico. Último império colonial do mundo ocidental, travava uma guerra em três frentes africanas solidamente apoiadas pelo Terceiro Mundo e fazia face a sucessivas condenações nas Nações Unidas e à incomodidade dos seus tradicionais aliados.
Para os jovens de hoje será talvez difícil imaginar o que era viver neste Portugal de há vinte anos, onde era rara a família que não tinha alguém a combater em África, o serviço militar durava quatro anos, a expressão pública de opiniões contra o regime e contra a guerra era severamente reprimida pelos aparelhos censório e policial, os partidos e movimentos políticos se encontravam proibidos, as prisões políticas cheias, os líderes oposicionistas exilados, os sindicatos fortemente controlados, a greve interdita, o despedimento facilitado, a vida cultural apertadamente vigiada.
A anestesia a que o povo português esteve sujeito décadas a fio, mau grado os esforços denodados das elites oposicionistas, a par das injustiças sociais agravadas e do persistente atraso económico e cultural, num contexto que contribuía para a identificação entre o regime ditatorial e o próprio modelo de desenvolvimento capitalista, são em grande parte responsáveis pela euforia revolucionária que se viveu a seguir ao 25 de Abril, durante a qual Portugal tentou viver as décadas da história europeia de que se vira privado pelo regime ditatorial. "

António Reis - Portugal, 20 anos de Democracia

Às 22 horas e 55 minutos do dia 24 de Abril de 1974, é anunciada aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, e colocada no ar a partir dos estúdios do Rádio Clube Português, a canção de Paulo de Carvalho "E Depois do Adeus". Inicia-se assim a Revolução, pois a canção serviu de senha para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas. A segunda senha foi dada pela canção "Grândola, Vila Morena" de José Afonso, e foi posta no ar à meia noite e vinte de 25 de Abril de 1974 pela Rádio Renascença.
O que se seguiu espelha o inconformismo dos portugueses e a vontade incontestável de seguir outro rumo, numa revolução sem mortes, sem sangue... Os militares de Abril derrubavam os excrementos que durante 48 anos oprimiram o Povo Português e a multidão sai à rua e saúda efusivamente os soldados revoltosos. Perdurará para sempre na história a imagem do cano da espingarda com um cravo vermelho, símbolo da Revolução, símbolo da Descolonização, símbolo da Democracia...

Saudações de um Comparsa





Artigo também publicado no blog Bar a Fábrica

42 comentários:

Ariadne disse...

Porque é que faz sentido continuar a comemorar a revolução dos cravos?
Porque graças a ela hoje posso manifestar à vontade a minha opinião sem ser censurada. Tenho a liberdade de criticar à vontade o presidente da república pelo discurso patético que ontem fez, cheio de contradições e incongruências...
Ao contrário do que o Cavaco pensa (se é que pensa, provavelmente há quem pense por ele...), na minha opinião cada vez faz mais sentido comemorar este dia. Isto porque tem-se assistido ao completo branqueamento do que foram os anos de opressão vividos em Portugal, dos infinitos aspectos negativos que o fascismo já provou ter e, por outro lado, à glorificação de Salazar e do seu método de governação. Pelos vistos, o sr. fez tantas coisas boas, que até já merece um museu em sua homenagem... Parece-me completamente despropositado fazer um museu que registe o que o Estado Novo teve de bom, até porque todo o mal que teve cobre por completo o mínimo de virtudes que possa ter reunido. Sou a favor de que se escreva a história tal como ela foi, porque há uma tendência exageradamente pouco natural para omitir dados imprescindíveis à compreensão da verdadeira História: porque a História é de quem a faz...

Porque temos assistido a uma assustadora afirmação dos fiéis de Salazar, dos fascistas, neonazis, racistas, xenófobos, nacionais renovadores, que insistem em demarcar o seu lugar na sociedade, cada vez faz mais sentido festejar o 25 de Abril, e mostrar que todos preferimos a Liberdade e a Democracia... Por isso, ontem saí à rua e acompanhei aqueles que dão a sua voz e gritam: "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais" e "Somos muitos muitos mil, para continuar Abril..."

Saudações de uma Comparsa*

Augusto disse...

Andar pela rua aos berros é muito fixe. Espectacular!

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Até parece que o senhor Augusto nunca andou pela rua aos berros...

Augusto disse...

Preferi ficar na cama feito parvo. Felizmente, houve alguém que berrou e conquistou a minha liberdade!

Ariadne disse...

Infelizmente, só se dá valor às coisas quando as perdemos...

E repito que me parece fundamental as pessoas mobilizarem-se num dia como este e mostrarem que há coisas que não nos podem ser tiradas: a liberdade e o direito de comemorar a sua conquista..., "porque se estivesse ao nosso alcance esquecer, como está o poder de silenciar, teríamos perdido até a memória e não apenas a voz" (Tácito). Façamos então o possível para não perdermos a voz, apesar de nos quererem calar...

Saudações de uma Comparsa*

Hugo disse...

os 33 anos de democracia conduziram nos ao egoismo, ao egocentrismo,e a ignorancia generalizada, tudo avanços que uns referem como democráticos, mas a k outros chamam de avanço da sociedade capitalista.
Como tao bem exemplifica o Augustus kk um è livre , enquanto uns lutaram e outros continuam a lutar pelos interesses da comunidade.Aos que se solidarizam com o 25 de Abril, vindo para as ruas ou n, eu chamo de pessoas conscientes, a todos os outros que ficam em casa, e ainda mandam bocas aos k saem eu chamo de sectários,egoistas, mas pronto infekizmente são o produto da nossa sociedade capitalista.
Da produção de mentalidades por parte do capitalismo, infelizmente eu sou o k tenho defeito de fabrico enquanto os k ficam em casa no 25 de abril a criticar os que saem, esses sao o produto oficial do capitalismo, e ainda por cima gostam de o ser.
Viva Portugal, e viva o 25 de Abril, e viva nada depois de 1976.
saudações não de um comparsa, mas sim de um camarada e orgolhoso por isso.

Augusto disse...

Tava a ver q o Camarada não aparecia. Dois fanáticos agora? Boa sorte para a continuação da luta barulhenta que eu continuo a achar parva. Ainda bem que posso ter a minha opinião. Se não houvesse 25 de Abril...

Augusto disse...

"Viva Portugal, e viva o 25 de Abril, e viva nada depois de 1976." - Cura-te rapaz!

Ariadne disse...

Bem, Augusto o que eu já me ri às tuas custas... Então tu criticas-me e mandas bocas por ir a um desfile
comemorativo do 25 de Abril e andar aos berros, como tu dizes, depois de tu andares semanas a conduzir um carro de uma campanha eleitoral, a distribuir canetas e isqueiros... Quer dizer, é completamente absurdo... Criticas-nos pela cor dos cravos não ser laranja ou por não nos pagarem??? LOL
Tu é que precisas de uma grande cura...
E já agora ainda bem que consideras
positivo poderes ter a tua opinião, mas utilizá-la simplesmente para mandares bocas e achares a manifestação comemorativa do 25 de Abril parva. Ao menos usa a tua liberdade de expressão para dizer porque é que a achas parva. Esta troca de comentários poderia ser assim bem mais interessante para todos nós, inclusivamente para os visitantes do blog...

Saudações de uma comparsa*

Anónimo disse...

O 25 de Abril é de todos e não de quem o reclama. Viva Portugal SEMPRE!

Augusto disse...

Ainda bem que te divirto assim tanto. Escusas é de falar da minha vida privada que só a mim me diz respeito. Especialmente aqui, mas já que isto se transformou um local de divulgação política.

Augusto disse...

E o que critico, não são as comemorações, mas sim o aproveitamento de um dia desses pra se berrarem as tradicionais palavras de ordem. E sim, tenho tendência política, mas não um voto certo ou uma obediência cega.

Ariadne disse...

Augusto, eu também fico desapontada por a troca de comentários ter tomado este rumo... Mas com todo o respeito os teus comentários é que assim o exigiram... Basta ler, não preciso explicar porquê... Dignei-me a responder-te. Como sabes "quem semeia ventos colhe tempestades". E corroboro a tua afirmação e faço dela
minhas palavras: "e sim, tenho tendência política, mas não um voto certo ou uma obediência cega". Por isso não percebo a razão de ser apelidada de fanática, mas enfim...

Esquemático, concordo plenamente contigo: o 25 de Abril é do povo português! Viva Portugal!

Saudações de uma Comparsa*

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Está para aqui uma trapalhada... Não era minha intenção...
Meninos o facto de podermos opinar sobre qualquer matéria, não significa que devamos julgar essa mesma opinião. Cada qual com a sua,se não concordamos estamos no nosso direito, argumentamos e justificamos sem insultos ou sarcasmos. É para isso que serve a discussão: para debatermos, expor pontos de vista concordantes e contraditórios e chegar então a conclusões. Não é para mandarmos bocas ou apontar o dedo ao que ou a quem quer que seja. Vocês fizeram-me lembrar a nata de políticos que possuímos. Não tenho orientação politica nem conotações partidárias. Sou a favor de uma democracia de valores onde abundem a humildade, a igualdade, a generosidade, a honestidade, o altruísmo, a equidade e o respeito.
Deveremos dar o exemplo. Um bom carácter é feito disso mesmo.

Ainda temos todos muito para aprender...

Saudações de um Comparsa

Anónimo disse...

É devido a este tipo de atitudes dos camaradas que o seu partido se encontra num beco sem saída. Apregoam a igualdade de classes, mas no entanto consideram-se num patamar acima dos outros. São os donos da verdade, da razão e da moral. São os "iluminados" e ainda lutam por nós, os outros 95% da população são os "cegos" que vivem na ignorância.

Augusto disse...

Chamaste-me egoista, egocêntrico, ignorante e sectário. Esqueceste-te do fascista. Não foi assim que te ensinaram. Ainda te hão-de expulsar.

Este homem não é fanático, só trata assim todos os amigos que têm ideias diferentes das dele.

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Ainda não vos serviu de lição aquilo que eu disse?
Parecem crianças...

Anónimo disse...

Aquilo que aqui assistimos , penso ser o resultado de extremismos, que nunca foram bons companheiros, pois podem provocar intolerância, faltas de respeito e até violência.
O que pensar de alguém que afirma: "viva nada depois de 1976"? O País não precisa deste tipo de atitude nem daquela dos neonazis e toda essa gentinha que referiste e por aí vai aparecendo.
E tu, Augusto, se não te pões fino ainda levas com a foice e o martelo...
Há coisas melhores e mais importantes na vida. Um Abraço

Ariadne disse...

De facto, uma pessoa que se apelide de camarada não pode abrir a boca sem que não chovam imediatamente uma série de palavras a enxovalhá-lo. Afinal de contas, isto só mostra que não são os comunistas que têm a cassete metida, mas que são as pessoas que estão formatadas para discordar com qualquer coisa que eles digam. Qualquer pessoa atenta ao que nos rodeia observa facilmente que de facto a era global nos tem conduzido ao egoísmo. O indivíduo, movido pela lógica da competitividade, ficou entregue a si próprio. "Mas não interessa comentar isto. Para quê? Foi dito por um comunista..." Enfim...

Nota-se quem mais facilmente atiraria com objectos a quem se pudesse.

Respeitemo-nos uns aos outros, e respeitemos a opinião de cada um. Mandar bocas e acusar este e aquele por nos chamar isto ou aquilo não é solução...

Saudações de uma comparsa*

Anónimo disse...

Já puseste a possibilidade de as pessoas gostarem de viver neste mundo egoísta e competitivo? E estarem fartas do mesmo discurso bafiento uma e outra vez? Ninguém tem a luz ou as respostas.
Exactamente, respeitemo-nos uns aos outros.

Manuel disse...

Muito interessante a discussão que se gerou nestes comentários. Vou tentar contribuir mais para a discussão e menos para o insulto e para a boca foleira.

Caro Augusto,
Sobre a participação nas comemorações, só vai quem quer. Quem não quer fica em casa ou vai à praia, é tudo uma questão de se saber quem somos e que lugar ocupamos na sociedade em que vivemos.

Caro Mohammed Saeed al-Sahaf,
Ter uma opção política não me parece que seja de modo algum redutor como muitas vezes se dá a entender. Reparemos no comentário das 7:15 PM de Mohammed Saeed al-Sahaf. Tudo muito certinho, apaziguador, politicamente correcto e eu concordo com quase tudo. Mas aquela pequena frase: "Não tenho orientação politica nem conotações partidárias." Isto quer dizer o quê? Que quem não tem conotações políticas é mais politicamente acertado de quem tem? A orientação política faz mal à saúde mental e dá dor de garganta? Ou as conotações partidárias servem para desacreditar a democracia que parece gostar tanto?
A democracia não pode ser só de "valores" como afirma, tem de ser também uma democracia política onde o direito e a justiça são realmente iguais para todos. A possibilidade de ter uma opção política é a principal componente da democracia e se isto perde o seu valor, ou a conotação partidária é transformada em símbolo de corrupção ou então a democracia já não vale de nada, nem mesmo para os "valores".

Caro André Simões,
Quanto ao mundo egoísta e competitivo que refere, acredito que muita gente goste dele, mas duvido que o bilião de pessoas que não tem água nem saneamento básico lhe dêem muito valor. Por mim estou com esse bilião apesar de ter água, durmo melhor assim. Por isso sinto-me melhor a denunciar o mundo “egoísta e competitivo” como algo mau e não como o “menor dos males” como muitas vezes se ouve dizer.
Quanto ao "discurso bafiento", é um argumento que me parece frágil, principalmente vindo de alguém que com certeza sabe que a democracia esteve "praticamente adormecida" desde Alexandre até à revolução francesa. A novidade não é sinónimo de qualidade, e na política tem-se pensado bastante nos últimos milénios...

É possível discutir política sem insultos, e não ao estilo João Jardim. Acima de tudo faz bem discutir e trocar ideias, e parece-me que se aprende muito a trocando opiniões com alguém que não tem a mesma opinião que nós.

Abraço e beijinhos a todos.

Anónimo disse...

Que estranho... Não há reparos a fazer a Camarada e Ariadne? E gostaria de saber o que já fizeste pelo tal bilião. Pura demagogia.

Manuel disse...

Caro André,
É só ler com atenção que a resposta já está em cima.

"Não há reparos a fazer a Camarada e Ariadne?" André.

"Acima de tudo faz bem discutir e trocar ideias, e parece-me que se aprende muito a trocando opiniões com alguém que não tem a mesma opinião que nós." Manuel.


"E gostaria de saber o que já fizeste pelo tal bilião." André.

"Por isso sinto-me melhor a denunciar o mundo “egoísta e competitivo” como algo mau..." Manuel

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Esperava uma apreciação individual do desempenho de cada um. Mas nem todos tivemos sorte.
E o bilião deve estar eternamente grato pelas tuas denúncias.

Augusto disse...

Espero assistir ao mesmo entusiasmo, da próxima vez que falar de uma banda nova. Sim, porque o objectivo deste blog é discutir música, cinema, televisão e videojogos, ao contrário de muitos outros sítios da blogosfera...

Caro Manuel,
como já tive oportunidade de esclarecer mais acima (é só ler com atenção), a minha crítica não é às comemorações em si, mas sim ao facto de (no meu ponto de vista), se assistir a uma tentativa de apoderação desses dia de festa que deve ser de todos. É essa politização que critico. E penso que o poder da crítica assiste-nos a todos e não a alguns.
Um abraço e vai aparecendo

Davidoff disse...

Epá relativamente a tudo o que foi dito antes e sem querer meter mais brasa na fogueira, só gostaria de dizer:

"Eu cá não sou de intrigas mas isso comigo não ficava assim!!"

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Caro Manuel

Fizeste uma interpretação errada das minhas palavras. O facto de não ter conotações partidárias não significa que elas sejam prejudiciais ou erróneas. Falei apenas por mim e respeito todos aqueles que as têm, nem me acho mais iluminado por não as ter. Longe de mim pensar que fossem subentender tais ideias daquela frase. Quanto à minha democracia de valores, referi-a numa perspectiva mais pessoal e não social, pois representa a minha forma de encarar a vida.

Saudações de um Comparsa

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Caros Comparsas

Acho que a discussão começa finalmente a ganhar contornos mais cavalheirescos. Não concordo com o Augusto e acho que tamanho entusiasmo é sempre bem vindo. Não te esqueças caro comparsa que também nos propusemos a discutir ideias e reflexões. Portanto há enorme pertinência no artigo e no que se lhe seguiu. Também adorava ter sempre um número tão grande de comentários em todos os artigos, mas acho que nos devemos congratular e não lamentar. Assim proponho aos leitores que visitem os antigos voos deste blog e opinem se acharem necessário.
Peço ao Senhor André Simões mais delicadeza e menos brejeirice nos comentários.

Obrigado a todos

Augusto disse...

Caro Mohammed, quando escrevi no cabeçalho "além de outras sugestões e reflexões", não me referia a nenhum tipo de dicussão ou propaganda política. Mas se assim o entendermos, estamos sempre a tempo de dar outro rumo ao nosso projecto.
Quanto ao entusiasmo e participação, lamento mesmo que não se estenda ao resto do blog.

Manuel disse...

Caro André,
Não sou juiz, nem estou a fazer exames a ninguém por isso não entendo essa da “apreciação individual do desempenho de cada um”, tal como também não entendo essa hostilidade relativa à troca de ideias que propus.
Quanto a isto: “E o bilião deve estar eternamente grato pelas tuas denúncias.” Parece-me de muito mau gosto mandar bocas à custa do sofrimento das pessoas.

Caro Augusto,
Não é primeira visita que vos faço nem o primeiro comentário que cá deixo. Espero continuar a voltar e a comentar, porque acho o blogue interessante. Quanto à política, é parte importante da vida e não faz mal debater ideias. Relativamente à tentativa de “apoderação das comemorações”, penso que devias de ir para o ano ao desfile até ao Rossio. Ninguem te impede de participar de certeza.

Caro Mohammed Saeed al-Sahaf,
Pelos vistos percebi mal, peço desculpa e já agora acrescento que o devia ter dito antes. Também não é por não se ter “conotações partidárias” que não se tem opiniões políticas como acabaste por demonstrar. O “erro” foi porque tenho lido e ouvido muita gente que parece querer dizer que ter as tais “conotações partidárias” é um defeito a eliminar. E com isso não estou de acordo.

Abraço a todos.

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Caro Augusto
Não te esqueças que isto pode ser o inicio de futuras e regulares participações dos intervenientes desta discussão neste blog. Não concordo que houvesse propaganda politica, houve discussão sim senhor e não te esqueças que deste tu inicio a ela, com um sarcasmo. Não lamentes as retaliações.
Agora vou-te perguntar se achaste o post despropositado?

Abraço

Augusto disse...

Claro que não. E cada um é livre de expressar as suas opiniões como quiser. Eu gosto de usar o sarcasmo e continuarei a usar quando me apetecer. Não gostei foi de ser apelidado de egoista, egocêntrico, ignorante e sectário.
Manuel, obrigado pelo convite mas de certeza que não irei de propósito a Lisboa para um desfile. Talvez se houver um em Pinhel.

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

"os 33 anos de democracia conduziram nos ao egoismo, ao egocentrismo,e a ignorancia generalizada, tudo avanços que uns referem como democráticos, mas a k outros chamam de avanço da sociedade capitalista."
Peço ao Camarada que nos elucide sobre isto então. O Comparsa Augusto entendeu que era uma indirecta. Deves esclarecê-lo, para propormos tréguas :)

Abraço

Anónimo disse...

Realmente, de onde vem esta atitude sobranceira do Camarada? De onde vem esta suposta elevação moral e intelectual que lhe permite julgar os outros, aqueles que não concordam com a "luta" ou simplesmente preferem adaptar-se o melhor possível ao mundo cão em que vivemos? Todos temos o direito de fazer as nossas escolhas.

Hugo disse...

Caros camaradas,
Não podemos dizer que eu me tenha afirmado como comunista, porque camaradas são os comunistas, os socialistas e as forças armadas, mas por acaso sou. E foram precisamente estas 3 forças que fizeram o 25 de Abril. Sempre de braço dado com o povo português, conseguiram expulsar as forças da extrema direita e os monopolistas que as sustentavam no poder, instituindo assim todas as liberdades que ainda hoje vigoram, apesar de mutiladas, e que alguém apelidou, nesta conversa, de “discurso bafiento” e de repetidas “palavras de ordem”.
Liberdades estas cada vez mais ameaçadas pelas sucessivas políticas de direita neo- liberais, ensinadas por Milton Friedman e definidas em Bilderberg, que começaram a impor-se em Portugal a partir de 1976, e é precisamente a partir daí que começam a ser mutiladas as liberdades conquistadas. Daí eu dizer “viva nada depois de 1976 ”.
Dono da verdade, da razão, da moral e iluminado não sou, mas como pessoa tenho direito a opinar sobre o que quiser. Sendo a política económica uma área que me interessa bastante, é normal que expresse a minha opinião. E ainda bem que aconteceu o 25 de Abril para eu poder escrever sobre o que quiser, e sobre o que me interessa, assim como vocês são livres de criticar a minha opinião.
Só neste comentário é que fiz um bocadinho de propaganda política. NO OUTRO apenas critiquei o capitalismo, a ignorância generalizada, o egoísmo e o egocentrismo que impõe à humanidade, na qual eu me incluo.
Parece que ofendi muitas pessoas quando apenas mencionei uma. Ao Augusto digo que não era com intenção, e a todos os outros ofendidos eu desejo felicidades, mas não se esqueçam que para vocês estarem bem há milhões que não o estão. Um bem, mil mal, não me parece certo, mesmo que o que esteja bem seja eu.
Espero que fique por aqui e que alguém faça um sobre o 1.º de Maio para continuarmos.

Saudações bolcheviques.

Redigido depois de reunião
do comité central do PCP.

Anónimo disse...

Já agora: então e o futebol neste espaço? Estão a falhar.

Augusto disse...

Nunca pensei que uma pequena provocação pudesse provocar semelhante catadupa de acontecimentos. Alguém que não goste da música dos Mundo Cão, faça a primeira ofensiva. Aquilo só tem 4 comentários...
Esquemático: Futebol, apenas quando o Glorioso ganhar uma competição. Talvez se abra uma excepção no dia da demissão do Fernando Santos.

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Caro Esquemático

Por acaso foi feito um pequeno artigo relacionado com futebol no início deste espaço. Aqui fica o link

http://falcaoecomparsas.blogspot.com/2006/11/racismo-ou-clubismo_15.html#comments

Abraço

Anónimo disse...

Caro Manuel:
Tenho tanto prazer e satisfação com o sofrimento dos outros como tu. Quem referiu o tal "bilião" foste tu, e caso não tenhas percebido à primeira, perguntava o que já contribuiram as tais denúncias do "mundo egoísta e competitivo” para melhorar a vida dessas pessoas mais desfavorecidas.
Caro Camarada:
E que tal um comentário aos assobios e apupos da sua JCP a representantes do Partido Socialista e a um ex-preso político do Tarrafal (era o único socialista...)? Afinal de contas, era a vossa festa?
Com a melhor das cordialidades

Manuel disse...

Caro André Simões,

Você tem uma série de blogues, alguns que eu por acaso visito ocasionalmente, por me interessar por temas semelhantes, e aparenta conhecer bem o valor da palavra. Contudo aqui argumenta a inutilidade da palavra.
Será que dá tão pouco valor à palavra, que não entende a necessidade da denúncia perante a injustiça? Parece-lhe que devemos ficar calados perante a exploração brutal do hemisfério sul?
Sinceramente continuo sem entender o seu objectivo. Quer saber o que contribuíram as minhas denúncias para melhorar a vida dos outros, na perspectiva de concluir que mais vale a pena é estar calado e aplaudir este mundo cão?

Depois fala em Edmundo Pedro… Olhe que o Edmundo Pedro não era pessoa de ficar calado… Também não me agradaram os apupos ao octogenário, mas talvez isso tenha tido a ver com a sua ligação ao Partido Socialista, o qual ocupa o governo do país, levando a cabo políticas na área da educação e da saúde tão lesivas para os portugueses que nem Durão Barroso tinha tido coragem para as fazer…

Cumps.

Ricardo disse...

Voltei hoje para ler com a atenção devida os comentários. Se me é permitido, são estas as minhas reflexões:
1.ª concordo com o texto comemorativo do 25 de Abril, que tem o mérito de recordar várias coisas, principalmente que antes de 1974 não tínhamos educação nem saúde. Muitos de nós somos hoje licenciados; possivelmente, se tivéssemos vivido antes de 74 andaríamos a cavar batatas (com dignidade, como diria o outro). Claro que os problemas de costas, que se arranjavam com a enxada, são os mesmos, por causa dos livros dentro da mochila, mas hoje posso ir ao médico gratuitamente para as tratar.
2.ª posiciono-me ideologicamente entre o que diz o Camarada e o André. Mas atenção, Camarada, não acho que tudo o que veio depois de 76 foi mau. Sou europeísta convicto: no entanto, gostava de ver a Europa menos como máquina capitalista e mais como confluência cultural e social, em que as diferentes nações partilham de ideais democráticos e igualitários. Sonho, eu sei.
3.ª se existe a possibilidade de se fazer comentários aos textos, deveríamos comentar o texto e não fazer da caixa de comentários um chat onde uns enxovalham outros.

Era mais ou menos isto que tinha a dizer.
Saudinha, mas da boa!

Anónimo disse...

É engraçado ver certas posições relativas ao 25 de Abril e apelidar de heróis líderes de organizações terroristas, responsáveis pela morte de mulheres e crianças, que continuam impunes e orgulhosos dos seus actos. Quanto à resignação do pós 1976, penso que ela deverá reflectir frustrações reprimidas de um acontecimento que tem sido sistematicamente esquecido e que, esse sim, “libertou” Portugal da desgraça e da miséria em que esteve prestes a cair. Falo claro do 25 de Novembro de 75, data que deverá pôr muita gente, que gostava de ver Portugal como uma colónia soviética, extremamente deprimida. Sempre achei paradoxal ouvir servos da foice e do martelo falar de liberdade e de valores, sendo esses os símbolos dos maiores genocídios da história da humanidade.
Acho também engraçado ouvir dizer que Portugal viveu 48 anos num regime de extrema direita, porque não percebo a que 48 anos se referem, dado que não me lembro do Rolão Preto ter governado este país… Pelo contrário, chegou a ser preso e exilado. Vejo também alguma confusão nalguns comentários ao misturar salazaristas, fascistas, nazis, racistas, xenófobos… enfim, quando se quer discriminar pessoas, não interessa diferenciar os seus ideais e os seus pontos de vista… vão todos para o mesmo saco, sendo que são todos seres a eliminar…
Falar em liberdade nos dias de hoje é complexo, porque se não havia liberdade no passado para a esquerda, hoje a esquerda faz exactamente o mesmo, limitando e oprimindo aqueles que não seguem a sua cartilha, tentando, por todos os meios, “calar” os que pensam diferente, ilegalizar e coagir grupos de pessoas com ideias diferentes, numa desesperada tentativa de que essas ideias não cheguem ao grande publico, que pode começar a “abrir os olhos” e a reflectir sobre a liberdade que lhe impõem. Vivemos num tempo em que ser de esquerda é politicamente correcto. Até os partidos com assento parlamentar em lugares mais à direita têm medo de se colocar nessa posição… A demonização obsessiva que a esquerda tem imposto à direita deu os seus frutos, e isso vem ainda do final da II Guerra, quando a história foi escrita pelos vencedores. Como é óbvio, cada um de nós conta um qualquer episódio como bem lhe apetece, se a outra parte não se poder defender, como foi o caso. Aliás, os métodos utilizados no julgamento de Nuremberg espelham bem isso… Uma recente lei comunitária prevê 3 anos de cadeia para quem ousar discutir o holocausto! Grande liberdade aquela em que vivemos!

Se gostam de ir para a rua e gritar bem alto “Viva o 25 de Abril”, não se achem grandes heróis por isso nem donos da verdade, pensem na história toda, não omitam episódios como bem vos apetece! E principalmente, sejam comedidos na utilização da palavra “liberdade”, porque eu vivo a liberdade que vocês me impõem… e por isso mesmo não posso assinar este comentário…

Cordiais cumprimentos