terça-feira, setembro 14, 2010

Da história do AVATAR

Nos últimos dias tive a oportunidade de ver o filme Avatar, no meu computador e, naturalmente, sem ser a 3 dimensões. A propósito do filme haviam sido partilhadas comigo opiniões de que era uma história pobre, uma simples história de amor entre um humano e uma nativa de outro planeta, mas com grandes efeitos especiais, só valendo a pena vê-lo a 3D...

Não o ter visto no cinema com os óculos especiais, talvez me tenha feito ver o filme para além das 3 dimensões. Vi um filme com uns efeitos e imagens deslumbrantes e, ao mesmo tempo, um filme com um argumento cuja mensagem é bastante profunda, incidindo na desprezível forma como o ser humano trata a NATUREZA, ou seja, a sua própria VIDA... É necessário sabermos coexistir com a natureza - a nossa mãe, o nosso lar, o nosso "deus" criador. É ela que nos dá a vida, a morte, que nos alimenta, nos transforma, nos castiga...

Além disso, é necessário vermo-nos uns aos outros... Vermo-nos para além da carcaça que nos protege e na qual habitamos. Caminhamos cegamente para o Admirável Mundo Novo do Huxley: valoriza-se o culto do corpo, a aparência, os espelhos... em detrimento do pensamento, dos sentimentos... E esquecemo-nos de ver para lá do olhar... O AVATAR vale mesmo a pena ser visto para lá do olhar!



A propósito, além de aqui deixar o trailer do filme, lembro a excepcional canção de Roger Waters: «No tears to cry, no feelings left, the species has amused itself to death...».



Agora, sim, estou pronta para ver o filme em 3D. Alguém me pode dizer como faço?

Saudações de uma comparsa!

16 comentários:

El Che disse...

Assino por baixo

Ariadne disse...

El Che, assinas por baixo de quem?

"Entretenimento vistoso, radical e revolucionário"?
Eu tive alguma resistência para ver o filme, tanto que nem sequer o fui ver ao cinema... Por todo o mediatismo que se criou à sua volta...
A maioria das pessoas vê o cinema como entretenimento. Falo do cimena, como podia falar de música ou literatura. Mas superior é a arte que além de nos entreter nos faz pensar, sentir... O resto já disse... =)

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

E é nessa mensagem que se deve centrar a compreensão do filme, Augusto. No egoísmo que envolve a nossa espécie. Também não vi o filme em 3D mas fiquei fascinado com a aquela espécie azul, com os seus princípios, com o seu planeta. Para mim o filme realça aquilo que é o Homem e aquilo que o Homem poderia ser. Se está cheio de lugares comuns ou se a história é pobre pouco me importa, pois estava lá algo que fez gostar e que não encontras em muitos filmes.

Augusto disse...

Não concordo.
Para mim, cinema é entretenimento. Pegando naqueles que serão provavelmente os meus dois realizadores preferidos, Tarantino e Scorsese, rapidamente chego à conclusão que os seus filmes não são mais que entretenimento puro, mas do bom, daquele que nos faz pensar um bocadinho.
Para eu gostar de um filme preciso que este me desperte emoções durante as duas horas em que o estou a ver e para isso são necessárias duas coisas básicas, mas que não existem esta película: um bom argumento e um bom trabalho de actores... Não procuro mensagens, mas se as tiver é óptimo, desde que tenha o resto...
Meus amigos, sensibilidades diferentes dão origem a opiniões diferentes e a minha sensibilidade não me permite gostar de um filme só porque tem uma mensagem "bonita" e devia ser mostrado em todas as escolas primárias do mundo para sensibilizar as futuras gerações...
O cinema é muito mais que isto, e espero sinceramente que este não seja o futuro da 7ª Arte...

Saudações de um Comparsa!

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Meu caro amigo

Deixa lá de ser cáustico. Estamos a falar de um filme e não do futuro do cinema. Eu não quero que concordes comigo, mas queo que respeites a opinião dos outros. Vi o filme de uma forma diferente de ti e ainda bem. Isto é como na música o que te emociona a ti pode não me dizer nada a mim.

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Já agora, espero bem que não consideres a música entretenimento

Augusto disse...

Ai esperas? Então porquê?
Obviamente que a música é também um entretenimento, entre outras coisas, mas é diferente do cinema... Aliás, acho que existe música (a chamada música de merda...) que é apenas entretenimento, mas do mau...
Como entretenimento entendo que é algo que torna a tua vida mais cheia e mais rica, embora não sendo vital para a tua sobrevivência...
Não sei se me fiz entender, pareço um Walter...

Mohammed Saeed Al Sahaf disse...

Sabes que existe evidentemente uma visão diferente da minha parte. Sabes que de criador/conhecedor para consumidor/apreciador não posso concordar contigo. Mau seria se assim não fosse.

Ariadne disse...

Augusto, fiquei com a sensação de que não leste o artigo. A tua opinião, como espectador do filme a 3D, corrobora o que afirmei. Fico à espera que alguém que não tenha visto a 3D concorde contigo...

Além disso, em momento algum é dito que o Avatar é o melhor filme da história do cinema, com excelentes interpretações... Agora considero muito injusto dizeres que é uma «história pobre e previsível, que parece ter sido escrita em cima do joelho, sem a mínima originalidade e cheia de lugares-comuns».

A maioria das pessoas certamente entrou na sala, assistiu, saiu e a história ali ficou fechada dentro... pelo menos a mensagem. Lá terão levado consigo a história de amor, que é o que toda a gente gosta. Portanto, para a maioria das pessoas nem sequer chega a ter uma mensagem gira e pedagógica, porque para isso é preciso que a mensagem chegue lá...
Lembro, a propósito, o filme Fiel Jardineiro, que vi no cinema, donde saí com a sensação de que tinha sido violentamente espancada, e sobre o qual ouvi posteriormente comentários: «Gostei tanto desse filme, a história de amor entre eles é tão linda!» Ou seja, a mensagem não chegou lá!

Para mim, um filme bom, além de me entreter, tem de me dar mais alguma coisa... Cinema de entretenimento é aquele de domingo à tarde...

Augusto disse...

Li agora pela primeira vez o artigo e continuo a ter a mesma opinião...

Música e Cinema são, obviamente, e em primeiro lugar, formas de Arte, mas não me parece que se possa renegar a sua faceta de entretenimento... Batendo na mesma tecla, filmes de domingo à tarde são apenas entretenimento, mas do mau... Como já disse, para gostar de um filme, preciso apenas que este me desafie enquanto o estou a ver, se possível que me deixe com vontade de o rever de maneira a apreendê-lo ainda melhor e captar novos pormenores. Não procuro ficar a reflectir acerca do mundo e da vida...

Voltando ao filme, continuo a achar que vale a pena ver o Avatar pelos fantásticos efeitos especiais que recriam aquele mundo utópico e tão bonito, um universo colorido e belo, que nos remete para uma espécie de paraíso. E assim, apesar da história batida e previsível, conseguimos criar uma ligação emocional com aquele mundo, de tão fantástico que é...

Augusto disse...

Acabei de adicionar um novo filme do mês, um dos poucos filmes que me encheu as medidas nos últimos anos: Revolutionary Road.
Boa realização, excelentes interpretações, argumento seguro e coerente e a música perfeita nos momentos certos... Prendeu-me do início ao fim, emocionou-me e até me abateu. E no fim... não retirei mensagem nenhuma, é apenas um retrato da vida tal como ela é...

Outro dos filmes que me marcou foi o Inglorious Basterds e esse tenho a certeza de que é cinema de entretenimento, aliás, como qualquer película do Tarantino, é a reciclagem genial e bem remisturada da história do cinema de entretenimento, que não tem obrigatoriamente que ser chunga...

Zoran disse...

É q vai aqui uma confusão... eheh
Tenho que admitir que também nao achei o filme nada do outro mundo. Excepção feita as efeitos especiais e outros artefactos técnicos dos quais nao tenho conhecimento suficiente para expôr aqui. O que é verdade é q a nível técnico o filme é um assombro. Também não chegaria tao longe dizendo que "é uma história pobre e previsível, que parece ter sido escrita em cima do joelho", mas a verdade é q o argumento nao me impressionou minimamente e para mim aquilo que faz um bom filme é acima de tudo um bom argumento, uma boa história e diálogos ricos. Acho q a mensagem transmitida pelo filme, apesar de importante, ja foi transmitida centenas de vezes no cinema. E ao falar nisto lembro-me principalmente da velha história de Pocahontas ja retratada num velho clássico do cinema de animação e inclusivamente no filme de Terence Malick, "O Novo Mundo", que, diga-se de passagem, me tocou bastante mais que este Avatar. Talvez os artíficos técnicos utilizados e as cenas de acção (que são sem dúvida cinema de entertenimento apesar de nao concordar com o Augusto que o cinema seja sempre um puro exercício de entretenimento) me tenham desviado a atenção de um qualquer significado mais profundo mas nao me parece sinceramente q assim seja. Aliás, julgo mesmo que a principal intenção de James Cameron nao seria criar um filme transcendental no seu significado intrínseco mas sim criar algo de novo e revolucionário a nível técnico. Podemos até chegar mais longe e dizer que ele lançou as bases para o que poderão ser os blocbusters do futuro. A mensagem é bonita, sem dúvida, mas nao será nunca por esse facto que este filme será recordado....

Augusto disse...

Eu não disse que o cinema seja sempre um puro exercício de entretenimento, mas sim que qualquer filme possui a sua faceta de entretenimento, o que é parecido, mas não é bem a mesma coisa...
A mim, fez-me lembrar sobretudo o "Danças com Lobos"...

Ariadne disse...

Augusto, partindo desta frase: para mim, um filme bom, além de me entreter, tem de me dar mais alguma coisa... Naturalmente que não me referia apenas à necessidade de me fazer reflectir acerca do mundo e da vida...
Tem que me despertar emoções, tal como a ti... E definitivamente, o Inglorious Basterds não se limitou a entreter-me...
Em relação ao Revolutionary Road, que também considero um grande filme, a mim fez-me pensar bastante... Nas grandes dificuldades das relações humanas... das relações conjugais... No medo eterno da rotina diária, das más escolhas que podemos ter feito ao longo das nossas vidas, da vontade que temos de virar a vida ao contrário e, ao mesmo tempo, do medo e da resistência à mudança... Concluindo, fez-me pensar bastante na minha vida...

E, naturalmente, que quando vejo um filme, ouço música, leio... procuro emoções, reflexões... procuro algo que me faça sentir com a alma inchada, tão inchada... que tenha a sensação de que me vai explodir a carcaça que a protege...

Ora, e estou de alma cheia com esta discussão no Falcão e Comparsas :))))
Venham mais artigos!!!

Ariadne disse...

Zoran, tu também viste o filme a 3D...

Com base nestes comentários, estatisticamente, quem viu o filme a 3D não achou o filme nada de especial e quem viu sem os 3D gostou bastante...

E isto vai de encontro ao que escrevi no artigo...

Ariadne disse...

A propósito lembrei-me de ir reler uma passagem da Arte Poética de Horácio, relativamente à poesia... No entanto, tomei a liberdade de a deixar aqui registada e de a estender a todas as formas de arte:

«Não basta que os poemas sejam belos: força é que sejam emocionantes e que transportem, para onde quiserem, o espírito do ouvinte.»

Saudações de uma comparsa!