quinta-feira, junho 11, 2009

Deadwood

Sempre gostei de filmes de cowboys. É uma daquelas paixões que me vêm da infância ao ver as cowboiadas do John Wayne ao domingo à tarde, aliado às bandas desenhadas do Lucky Luke e que se prolongou com os clássicos do Clint Eastwood na adolescência. Por causa desta inclinação, estou sempre atento às novidades do género, apesar de raramente aparecerem filmes de qualidade nos últimos tempos. E assim, fiquei com uma natural curiosidade ao tomar conhecimento desta elogiada série produzida pela HBO.
Mas Deadwood é muito mais que uma série sobre cowboys… Aqui acompanhamos o nascimento de uma cidade na fronteira americana e a impiedosa luta pelo poder instalado entre os pioneiros. Após a descoberta de ouro na região, milhares mudaram-se para lá, trazendo um rasto de esperança, cobiça e muita violência, pois por se encontrar em território indígena, Deadwood não contava com apoio governamental nem leis. Numa era de roubos e ganância, a mais rica febre do ouro da história da América atrai uma horda de parasitas sem terra para um povoado sem lei onde tudo - e todos - têm um preço. Os colonos, desde um antigo agente da lei ao matreiro dono de um saloon, passando pelos lendários Wild Bill Hickok e Calamity Jane, partilham um estado de espírito sempre alerta e sobrevivem por todos os meios necessários. O acampamento de Deadwood é um salve-se quem puder de mineiros em busca de ouro, apostadores, bêbados, prostitutas, pistoleiros, trabalhadores e aventureiros que sobrevivem em terreno instável, ainda não sedimentado pela lei ou pelos costumes.
O estilo visual é cativante e não esquecemos as sarnentas roupas interiores de algumas personagens, as excreções corporais constantes (vómito, mijo e merda), a nudez gratuita das prostitutas, as ruas sempre cheias de lama, a varíola e outras doenças, inúmeros pormenores que conferem um grande realismo a Deadwood, tornando-a numa série histórica extremamente credível.
Assistimos aqui a um reinventar do género que consegue causar impacto ao não apresentar restrições de violência, palavrões, nudez ou sexo. Mas o génio de Deadwood está nos seus diálogos escorreitos, brilhantes e profanos. Muitos dos personagens e situações são baseados em factos reais, o que confere um tom semi-documental e realista à trama. O grande destaque é o actor inglês Ian McShane, que faz de Al Swearengen um dos mais complexos e ameaçadores vilões da história, na minha modesta opinião...
Como já referi, Deadwood é produzida pela HBO, que nos presenteou com séries como The Sopranos, Rome e Entourage e durante as suas três temporadas ganhou inúmeros prémios, incluindo Globos de Ouro e Emmys.
Uma experiência imperdível e altamente recomendável.

Bem-vindos a Deadwood...
Um sítio dos diabos para fazer fortuna.




Saudações de um Comparsa

4 comentários:

Filipe Machado disse...

Vi as duas primeiras épocas, faltando-me a terceira (e última). Série de uma crueza e realismo extraordinário. Um elenco fabuloso de onde se destaca Ian McShane no papel de "vilão", se assim o quisermos considerar. O enredo possui um inteligência fora do vulgar, onde as pistolas e os tiros extremamente raros. Fantástica!

Participa na sondagem "Melhor James Bond com Peter Sellers, George Lazenby, Timothy Dalton e Daniel Craig” até ao dia 15 de Julho 2009, em http://additionalcamera.blogspot.com.

Davidoff disse...

Parece-me mt bem. Nunca vi nenhum episódio, mas será uma sugestão a seguir!!

Adelaide João Gama disse...

Pedro,

Tu só podes ter errado na área. Não vi o filme, não gosto do género e desconhecia, até agora, o titulo. Mas o teu texto e a forma como descreves a saga consegue despertar a curiosidade de quem passa totalmente ao lado da questão.É exactamente isso que admiro e gosto na escrita. Bom texto.
Adelaide João Gama

Ariadne disse...

Muito bem! Também fiquei com vontade de ver! Mas ainda tenho em atraso o Mad Men...