terça-feira, março 11, 2008

Sweeney Todd, o Terrível Barbeiro da Fleet Street


Sweeney Todd, o Terrível Barbeiro da Fleet Street, realizado por Tim Burton, é uma adaptação cinematográfica de um espectáculo estreado na Broadway em 1979, ao qual o realizador permanece fiel.

Tim Burton transporta para o grande ecrã um dos grandes mitos urbanos londrinos – a história de um barbeiro inglês que no início do século XIX se dedicava a assassinar os seus clientes. Fazendo parte de uma tradição oral, a história é referida por Charles Dickens no seu livro Martin Chuzzlewit (1843), sendo logo a partir de finais do século XIX representada em vários palcos, dando lugar ao primeiro filme (ainda mudo) em 1926, feito em Inglaterra.

Em 1973, o dramaturgo britânico Cristopher Bond escreve a peça Sweeney Todd, na qual acrescenta o lado luminoso do personagem, o Benjamin Barker, separado da mulher e da filha por um juiz corrupto, cuja separação e exílio o faz alimentar-se por uma enorme sede de vingança que se perpetua em Sweeney Todd. O enredo ganha assim «uma dimensão social, com críticas à desigualdade de classes, à justiça corrupta e à voracidade desumana do capitalismo industrial galopante» (Eurico de Barros - DN).

Stephen Sondheim e Hugh Wheeler transportam a história para o palco da Broadway em 1979 e, apesar das primeiras reacções confinadas de horror a tanta violência em palco, Sweeney Todd esteve quase dois anos em cartaz.

Sam Mendes teve o projecto de realização do filme sobre Sweeney Todd com Russell Crowe, mas felizmente desistiu em 2006. Digo felizmente porque acho que ninguém melhor do que Tim Burton adaptaria tão bem esta história para cinema, nem ninguém melhor do que Johnny Depp daria vida à personagem do sanguinário barbeiro.

Deste modo, das tesouras às navalhas, chega-nos uma nova personagem interpretada por Johnny Depp, o terrível barbeiro da Fleet Street, Sweeney Todd. Parecendo à primeira vista apenas mais um filme de Tim Burton, que nem sequer se preocupa em escolher novos actores – esta é a 6.ª participação de Johnny Depp em filmes de Tim Burton; sendo a 5.ª de Helena Bonham Carter, esposa do próprio realizador – os seus actores de elite provam uma vez mais a razão da sua preferência. É que Tim Burton decide realizar um musical e não precisa preocupar-se em mudar de actores, porque eles até servem para cantar… E cantam muito bem, ao contrário do que tenho por aí lido. Stephen Sondheim, cuja composição musical é absolutamente fantástica, participa no projecto do filme e ele próprio aprovou, depois de uma audição, a escolha dos actores.

Johnny Depp prova uma vez mais que é um grande actor, os papéis dos personagens dos filmes de Tim Burton são uma perfeita simbiose com Johnny Depp. De facto, é difícil imaginarmos outro actor a fazer os mesmos papéis com tanta perfeição. Sou, sem dúvida, uma grande fã de Johnny Depp e devo dizer que é com uma enorme satisfação que o tenho visto crescer no grande ecrã, desde a sua interpretação em Eduardo Mãos de Tesoura, o primeiro encontro entre Burton e Depp. Como refere Luís Miguel Oliveira (Público), «física e figurativamente, Sweeney é um Eduardo mais velho (com uma madeixa branca no cabelo preto), mais triste e mais violento, que se completa quando tem nas mãos uma navalha de barbear». Se esta interpretação não foi o auge (Depp foi nomeado para o Óscar de Melhor Actor Principal e recebeu o Globo de Ouro por Melhor Actor de Comédia/Musical), a próxima certamente me fará cair da cadeira.

Helena Bonham Carter interpreta o papel de Mrs. Lovett, cozinheira das piores empadas de Londres e cúmplice de Sweeney Todd. O filme conta também com os papéis de Sacha Baron Cohen (Borat), no papel do Signor Pirelli, e de Alan Rickman, o juiz corrupto.

Como refere Eurico de Barros, Sweeney Todd foi filmado «num negrume de carvão que infiltra a cidade e mancha os corações, só contrariado [pelas cores do passado feliz de Benjamin Barker e] pelos chuveiros de sangue das gargantas abertas pelo barbeiro». Deste modo, facilmente se percebe a progressão da terceira cor do filme: o vermelho do sangue, que invade a tela, contrastando com o preto e o branco dominantes, tornando os últimos vinte minutos do filme absolutamente inesquecíveis.





Para os interessados em prémios cinematográficos (que não influenciam em nada a minha preferência, daí referi-los em último lugar e a letras mínimas), Sweeney Todd, além da nomeação para Óscar de Melhor Actor Principal e Melhor Figurino, esteve nomeado para os Globos de Ouro nas categorias de Melhor Realizador Comédia/Musical e Melhor Actriz, e não só recebeu o Globo de Ouro de Melhor Actor, mas também de Melhor Filme Comédia/Musical.

Saudações de uma Comparsa

3 comentários:

Hugo disse...

OS gajos que criticam os dotes vocais e musicais dos actores não viram certamente o filme.Eu até me arrepiei, e n foi só num momento, e sempre nos momentos musicais.
Sinceramente adorei o filme, e quando sair para dvd tenciono comprar, em vez de gamar da net.
Cada vez sou mais fá do Tim Burton.Recomendo vivamente.
Saudações

P.s."We all deserve to die"

Augusto disse...

Confesso que ainda não vi, mas está para breve. Tinha outras prioridades (There Will Be Blood e No Country For Old Men) e as expectativas não sairam goradas...
Mas Sweeney Todd e Michael Clayton são já a seguir!

Carla disse...

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Uma Páscoa Muito Feliz
Beijos