quinta-feira, janeiro 24, 2008

The No Smoking Orchestra

Caros Comparsas

Zabranjeno Pusenje na antiga língua servo-croata, nasceu na cidade bósnia de Sarajevo há 27 anos uma das mais hilariantes bandas da actualidade.
Tendo sido desde o início uma banda irreverente e intervencionista que se apoiava na satirização dos políticos jugoslavos da era pós Tito, os The No Smoking Orchestra apadrinham em 1986 o elemento que posteriormente os catapultou para a fama e reconhecimento internacional: o realizador Emir Kusturica. Sem dúvida uma união perfeita já que participaram na banda sonora do filme "Gato Preto, Gato Branco" e compuseram a banda sonora do filme "A Vida é um Milagre" ,ambos realizados por Kusturica. Unindo a música tradicional cigana dos balcãs a uma espécie de rock/punk, os The No Smoking Orchestra fazem dos seus espectáculos ao vivo uma verdadeira paródia, contagiando toda a plateia com a sua originalidade, loucura, boa disposição e sentido de humor.
Liderada pelo irreverente vocalista Dr. Nelle Karajlic, a banda conta ainda, para além de Emir Kusturica, com o compositor e virtuoso violinista Dejan Sparavolo, e reúne ainda sonoridades de instrumentos como o acordeão, o saxofone, o sousafone.
Para ver e ouvir dia 25 de Janeiro no Coliseu do Porto e dia 26 de Janeiro no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Fiquem com alguns vídeos.

Saudações de um Comparsa


domingo, janeiro 20, 2008

Som Nacional - Parte VI

No tão ansiado regresso desta rubrica, apresento três propostas completamente distintas da nova música portuguesa. Espero que gostem...

Sean Riley & the Slowriders

Este grupo conimbricense lançou no final de 2007, “Farewell”, o seu álbum de estreia. A força de Sean Riley & the Slowriders resulta da perfeita junção do próprio Sean Riley (voz e guitarra) com Bruno Simões (baixo) e Filipe Costa (órgão, harmónica e bateria). Sean Riley, um songwriter com uma maturidade invulgar para um estreante, coloca a força da sua composição na simplicidade das letras, nas guitarras acústicas e na intensidade dos elaborados arranjos criados pelos Slowriders. Baseando-se num estilo Folk-Rock, existiram desde logo associações imediatas a Bob Dylan, Tim Buckley e Leonard Cohen. “Farewell” é um disco coeso e inspirador onde todos os instrumentos parecem estar no lugar certo, o que nos vai fazer seguir este grupo com muita atenção nos próximos tempos.


Slimmy

Slimmy é o projecto do português Paulo Fernandes. “Beatsound Loverboy, o seu primeiro álbum, tem ambição internacional e um som que de lusitano tem apenas o bilhete de identidade. Slimmy é natural do Porto, mas criou em Londres a sua maqueta de apresentação e que por sua vez conseguiu notoriedade por parte da imprensa Inglesa. Na sua primeira aventura discográfica, Slimmy explora o seu mundo distorcido e louco de tensão sexual e amorosa, com vocalizações estridentes e o uso de falsete, batidas explosivas e guitarras cheias de raiva. Uma mistura que combina estilos como o electro, rock, disco, house, techno e pop. Slimmy já conseguiu chamar a atenção de alguns meios norte-americanos tendo um tema na banda-sonora da série CSI Miami.


Donna Maria

Donna Maria são um trio da grande Lisboa com fortes influências da música electrónica e uma alma profundamente portuguesa bem patente no recurso a instrumentos tradicionais, como a guitarra portuguesa ou o acordeão. “Música para ser Humano" é o seu segundo álbum e marca a sua entrada numa editora multinacional. Autores de uma música onde fado e pop se confundem, os três músicos são acompanhados por convidados como Rui Veloso, Raquel Tavares, Rão Kyao, Júlio Pereira e Luís Represas. A voz é um importante trunfo dos Donna Maria, Marisa Pinto canta em português de maneira cativante e convincente. É uma vocalização que combina na perfeição com a junção de ambientes sonoros electrónicos com arranjos tipicamente lusos que só a guitarra portuguesa e o acordeão conseguem transmitir.




segunda-feira, janeiro 14, 2008

Eastern Promises - Promessas Perigosas


Com este seu novo filme, o realizador David Cronenberg prova que está em grande forma e prolonga o estudo sobre a violência iniciado com o igualmente extraordinário Uma História de Violência”. Sempre com uma forma muito própria de contar a história, Cronenberg manteve o estilo neste filme. Focalização nas relações humanas, ética, honra e violência explícita.

A história situa-se na Londres dos dias de hoje e gira em torno de Anna Khitrova (Naomi Watts), uma parteira que socorre uma jovem de Leste que morre ao dar à luz. Decidida a encontrar a família da criança, Anna segue o rasto do diário que ela deixou e de um cartão encontrado no seu interior o que a conduz a um restaurante tradicional russo. Porém, vê-se subitamente envolvida numa rede de criminalidade em que todos usam máscaras para esconder a verdadeira identidade. E é aqui que Anna se cruza com o misterioso Nikolai Luzhin (Viggo Mortensen), o motorista de uma das mais famosas famílias do crime organizado de Londres, com origem na Europa de Leste. A partir deste momento, várias vidas ficam no fio da navalha, numa angustiante cadeia de crimes e enganos que se desenrola através dos mais negros recantos desta família e da própria cidade de Londres.

É a história mais simples e violenta dos últimos tempos, mas é também bela e uma lição de perfeição absoluta nos mais variados níveis: realização, argumento e interpretação. Os actores estão soberbos, dos principais aos secundários e Viggo Mortensen tem aqui, provavelmente, a melhor interpretação da sua carreira, construindo uma personagem de carácter indefinido, abstracta, que ao circular entre os dois mundos, acaba por misturar comportamentos e sentires numa vertiginosa descida aos abismos da alma humana.

Há imagens e cenas em”Eastern Promises” que tão cedo não esquecerei e ainda bem que assim é, destacando-se a sequência da luta na sauna que é tão explicitamente brutal, como recheada de humor negro e brilhantemente filmada. Cronenberg no seu melhor, num dos melhores filmes dos últimos tempos.